A relação delicada entre TV Globo e Bolsonaro custará à maior rede de TV do país cerca de R$200 milhões a menos em seus cofres neste ano. Tratada como inimiga pelo presidente, a Globo deverá faturar em 2019 entre R$ 150 milhões e R$170 milhões com campanhas de estatais e ministérios, estimam fontes do mercado publicitário e do próprio governo.
No ano passado, a Globo faturou R$400 milhões líquidos com publicidade do governo. Em 2019, o número só não será que um quarto disso porque o Banco do Brasil já tinha fechado antes da posse de Bolsonaro o patrocínio do Bom Dia Brasil e do programa Pequenas Empresas Grandes Negócios.
Os investimentos do banco, de R$79 milhões, são praticamente a metade de tudo o que o governo Bolsonaro irá colocar na Globo neste ano.
Na madrugada da última quarta (30), em live transmitida no Facebook, Bolsonaro reagiu a uma reportagem do Jornal Nacional acusando a Globo de fazer fortuna com verbas públicas, sugerindo que a emissora se beneficiou em governos anteriores com uma maior fatia do bolo publicitário. O presidente chamou isso de "mamata".
A Globo respondeu dizendo que "não depende nem nunca dependeu de verbas de governo, embora a propaganda oficial seja legítima e legal".
De fato, os R$400 milhões que arrecadou com orgãos do governo federal em 2018 representam apenas 4% dos R$10,060 bilhões que arrecadou em todo o mercado. Um levatamento do site Poder360, contudo, revelou que o Grupo Globo recebeu R$10,2 bilhões do governo entre 2000 a 2016, o que equivale a um ano inteiro de faturamento.
Segundo fontes muito bem informadas nesse quesito, a Globo ficou com 50% dos R$800 milhões que as emissoras faturaram com o governo central no ano passado. A Record teve 20% do bolo, e o SBT, 10%. Dados deste ano estão sendo preservados a sete chaves pelo governo, mas já é dado como certo que a verba para publicidade oficial vai cair, principalmente na TV aberta, uns 20%.
A participação da Globo nessa divisão deve diminuir pela metade, mas assim ela tende a se manter na liderança do ranking das TVs que mais recebem dinheiro do governo, porque, como tem mais audiência, sua tabela de preços é bem mais alta do que as das concorrentes.
A verba de publicidade das estatais e ministérios é controlada pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), ligada à Presidência da República. Está sob o comando de Fabio Wajngarten, fundador do Controle da Concorrência, empresa que monitora o mercado publicitário.
Nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva, a Secom passou a adotar critério em que se distribuía as verbas de publicidade proporcionalmente ao tamanho da emissora. O orgão informa que hoje usa critérios "exclusivamente técnicos" como faz "qualquer outra empresa privada", em que se considera "uma estratégia de mídia". A distribuição de verba segue a estratégia de cada campanha.
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